segunda-feira, 25 de abril de 2011

O DISCO MAIS ESPERADO DO ANO

O DISCO MAIS ESPERADO DO ANO
Eu já tinha ficado bem assustado quando estava ouvindo a trilha de Vertigo e gritaram "Lady Gaga!".
Estava ileso de ouvir a nova 'basura' que a rainha dos tempos-pós-pós-pós lançou.
Mas ai passei por um viral e acabei ouvindo, e era uma cópia fiel de "Express Yourself" da Madonna.
Com a diferença que é aquele urubu passeando de biquini. E li mais de uma vez por ai que é o disco mais esperado do ano. Só se for o disco voador que ela vai botar na cabeça.

VAZOU O NOVO DISCO...
Outra farsa de nossos tempos são esses "vazamentos" de discos. É tão planejado que daqui há pouco vai ter show de vazamento com clipe pronto.
Tudo bem, já que agora ninguém mais compra cd - a não ser esse neo-fetichista aqui, que sofre em ouvir música baixada em alto falante de laptop. É tudo pela internet, sem formato... O termo vazamento é mesmo mais apropriado.

OS DIREITOS SÃO DE DIREITA?
Agora tem uma unanimidade burra (não seria isso uma redundância, tio Nelson?) sobre direitos autorais por ai. O buraco é muito mais embaixo do que "cultura é bem universal, todo mundo pega de graça". Então quem trabalha com isso faz  bolhinha de sabão? Sou absolutamente a favor da defesa dos direitos autorais. Acho sim super complicada a lógica disseminada de que ninguém mais deve pagar por discos. E isso não é um argumento de direita.
Contra fatos não há argumentos, as pessoas baixam. Mas eu me dou o direito de nadar contra a corrente. Se comida, bebida e até atendimento médico são fundamentais e são cobrados, pque a criação artística tem que ser distribuída gratuitamente? Onde baixa horas no estúdio, músicos, impressão de capa, mixagem, masterização? Quem paga a conta? A educação tem que ser pública e de qualidade e pra isso, tem que pagar o professor.
Agora muito diferente de defender os direitos é defender a atual entidade que é "responsável" por isso, o famigerado ECAD. Mas ai vamos com uma lógica bem brasileira de legislar: se o que existe não funciona direito, põe abaixo ou exagera. Se as pessoas não respeitam a proibição de beber e dirigir, aumenta o limite ao invés de mexer na fiscalização. Espetaculariza. Afinal ninguém, nem mesmo um candidato a presidente, vai seguir à risca. É só pra assustar.

OS NOMENALISTAS
Como inventar muitas vezes é dar nome ao que já existe, venho batizar o mais abrangente movimento cultural de nosso país: Os Nome-na-listas. Varre todas as artes. Não sei se vcs já perceberam mas não é nada comum donos de lojas de roupas, restaurantes darem convites por ai. Mas todo mundo quer um convitinho pra algum show/peça. Acho que o nominalismo tem um pé na cultura de que baixar cultura é algo inquestionável.
Os Nomenalistas é um termo que também abrange a febre por outro tipo de lista: as de melhores. Acho que a Jovem Pan fez a cabeça do jornalismo cultural e todo mundo tem suas sete melhores. Não é papo de bichamarga, que de lista só está no analista. Eu sei que parece, mas não é. Eu não sou um NOMENALISTA. Ou melhor, sou sim. Trabalho com isso, pode colocar meu nome na porta que eu vou com prazer.

OS IDIOTAS DA OBJETIVIDADE
Eu poderia citar grandes pensadores, críticos de arte, mas em tempos de redes sociais, resuma em 140 caracteres o seu caráter. Colocar esse padrão de competitividade, de melhor, segundo pior é uma absoluta desconsideração à subjetividade. Você desconsiderar a subjetividade no atletismo, na matemática é uma coisa. Agora desconsiderar a subjetividade nas artes é um atentado grave, porque é a essência da própria arte. A arte é expressão de subjetividades, de múltiplas visões, sensibilidades. Qualquer um pode gostar muito de discos diferentes, de forma diferente. Em fases diferentes. O título não é uma agressão, é uma citação. Dá uma "gugada"...


Eu que me deparo com um novo disco pela frente, já penso: o que fazer com esse formato? Vazar? Baixar? Por enquanto escrevo, componho e gravo, o "exército de um homem só" encontrando seus parceiros. Afinal é impossível ser feliz sozinho, e essa história de misturar vinho com café no jantar tira sono... e põe fogo no coração.